sexta-feira, julho 02, 2010

Júlio César e Stekelenburg: safra nova em Brasil x Holanda


por ESPN.com.br com agência GE


Taffarel, nas Copas do Mundo de 1994 e 1998, foi o goleiro brasileiro responsável por barrar os chutes e pênaltis da Holanda. Do outro lado do campo, a meta holandesa tinha Ed de Goey e Van der Sar nos anos respectivos. Agora, as duas seleções apostam em outros nomes para o gol. Nomes que seguiram em condições distintas para a África do Sul, mas que até o momento têm se equiparado com atuações seguras.

Como Maarten Stekelenburg, Júlio César fez dez defesas e sofreu apenas dois gols nos quatro jogos disputados. Mas, mesmo apontado por muitos como o melhor goleiro do mundo na atualidade, ele vê o adversário desta sexta-feira um pouco à frente nas estatísticas. O holandês, vazado com dois pênaltis, é o sexto melhor goleiro do torneio em ranking da Fifa, ao passo que o brasileiro está colocado dez posições abaixo.

O índice não se limita ao desempenho do jogador debaixo das traves, mas também em outros fundamentos como o número de acerto de passes, o que de certa forma esclarece a melhor posição de Stekelenburg. Na Holanda, os goleiros são muito acionados com a bola nos pés. Como explica o ex-gremista Cássio Ramos, arqueiro campeão sul-americano com a seleção brasileira sub-20 em 2007 e que joga no futebol holandês - após duas temporadas no PSV, está emprestado ao Sparta de Roterdã.

"Nós aqui somos treinados praticamente como líberos do time, somos muito mais acionados para jogar. Ao invés de afastar a bola para a lateral, os zagueiros nos procuram. Foi bem difícil para mim no começo, mas consegui me adaptar. Outro detalhe na diferença é o treinamento físico. Aqui, a força é mais valorizada, trabalhamos menos na academia", diz Cássio, que foi reserva de Gomes (atual segundo goleiro do Brasil) no PSV e chegou a ser convocado por Dunga na seleção principal, há três anos.

De questionado a ídolo

Stekelenburg, um ano atrás, porém, vivia situação bastante diferente. Enquanto Júlio César se destacava nos campos italianos com a Inter de Milão, o goleiro holandês foi relegado à reserva do Ajax pelo antigo atacante e agora técnico Marco Van Basten. Mas o comandante da seleção laranja, Bert van Marwijk, apostou no jogador, que não era titular nem em seu clube. Stekelenburg correspondeu e, agora com 27 anos, é o dono do posto que no Mundial de 2006 foi de Van der Sar.

"Fiquei um pouco surpreso por este bom desempenho do Stekelenburg, pelo fato de ele ter ocupado a reserva em 2009. Uns dois meses atrás, cogitavam até a convocação do Van Der Sar. Tratavam o gol como uma posição indefinida. Mas agora ele está bem e a imprensa só fala bem dele. Já o tratam como o novo Van Der Sar, tamanha a repercussão das boas atuações dele na Copa", comenta Cássio.

Ainda de acordo com o goleiro brasileiro de 23 anos, a imprensa holandesa não cogita uma desclassificação precoce. "Eles estão muito eufóricos e acreditam muito na classificação, pois acham esse Brasil sem brilho pelo fato de não ter jogadores como Ronaldo, Ronaldinho e Adriano. Será complicado se a gente perder o jogo, pois terei que aguentá-los o ano todo (risos). Mas estou bem confiante que o Brasil entrará em campo, fará uma grande atuação e vencerá o jogo", conclui o jogador.

Necessariamente pelo menos um dos dois goleiros será vazado nesta sexta-feira. Se o jogo for para os pênaltis, como em 1998, a disputa será boa. Júlio César e Stekelenburg já brilharam em penalidades na carreira. O brasileiro de 1,86 m, na Copa América de 2004, diante da Argentina. O holandês de 1,97 m, na Copa da Holanda de 2007 contra o AZ. Ao vencedor deste duelo particular, a chance de seguir caminho na eleição de melhor goleiro do torneio, prêmio que jamais ficou com um dos dois países.

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