terça-feira, julho 06, 2010

Fraco, mas destemido, Uruguai tenta evitar primeiro europeu campeão fora de casa

Os técnicos Oscar Tabárez (Uruguai) e Bert van Marwijk (Holanda)

Os técnicos Oscar Tabárez (Uruguai) e Bert van Marwijk (Holanda)
Crédito da imagem: Mosaico ESPN.com.br - Reuters
por Julio Gomes, da Cidade do Cabo (África do Sul), para o ESPN.com.br


A história das Copas mostra. Seleção europeia jogando fora da Europa é sinônimo de fracasso. Dos 18 Mundiais anteriores ao da África, 10 foram realizados no continente europeu e 8 fora dele. Destes, o Brasil ganhou quatro, a Argentina e o Uruguai conquistaram dois.

Talvez por isso, além da óbvia qualidade técnica, as apostas em Brasil ou Argentina campeões proliferaram pelos milhões de bolões caseiros e casas de apostas. E a Copa da África de fato caminhou em direção ao fracasso total das seleções europeias, que tiveram nas quartas de final, pela primeira vez na história, menos representantes do que os aul-americanos: três a quatro.

Só que, nas quartas, tudo mudou. Os três europeus passaram, com vitórias de Holanda, Alemanha e Espanha sobre Brasil, Argentina e Paraguai, respectivamente, e só sobrou um sul-americano na luta. O mais fraco de todos tecnicamente: o Uruguai. Hoje, a partir das 15h30 (de Brasília), na Cidade do Cabo, os uruguaios têm uma missão histórica. Ou vencem a Holanda e vão para a final ou pela primeira vez na história a Copa terá um campeão europeu fora do velho continente.

É a primeira vez desde 1954 que o Uruguai é o representante único da América do Sul em uma semifinal. Naquela ocasião, falhou, perdendo da Hungria. A Celeste voltou a uma semi em 70, no México, e perdeu do Brasil. Agora, 40 anos depois, atinge um patamar que muitos achavam que nunca mais seria alcançado.

"As crianças, os jovens, nunca haviam visto uma coisa como essa. Em um momento em que não se acreditava em quase nada. Estamos em uma festa e temos direito de continuar nela. Podemos perder. Mas ninguém sabe o que vai acontecer e nós temos nossa modesta esperança de fazer um esforço. Sabemos que temos que fazer uma partida perfeita, mas isso também é possível", disse ontem o técnico uruguaio Oscar Tabárez, que admitiu que o Uruguai é o mais "fraco" dos semifinalistas.

Para voltar a falar de apostas, o Uruguai é disparado o maior azarão entre os quatro que restam na disputa. E, para piorar, pega uma Holanda em grande fase, invicta há 24 partidas, sem alguns de seus titulares. O capitão Lugano tenta se recuperar de uma lesão nos ligamentos do joelho esquerdo, mas dificilmente irá a campo. O lateral esquerdo Fucile está suspenso, e o volante Lodeiro é outro desfalque.

O atacante Luis Suárez, herói da classificação contra Gana ao "defender" o que seria um gol certo no último minuto da prorrogação, levou vermelho naquele jogo e está suspenso. Jogador do Ajax, da Holanda, ele marcou nesta temporada 55 gols em 62 partidas juntando clube e seleção, um número impressionante.

"Minha defesa conhece o estilo do Suárez, a ausência dele pode ser vista como ruim para a gente", minimizou o técnico holandês, Bert van Marwijk, que do seu lado tem dois desfalques por cartões amarelos, o lateral Van der Wiel e o volante De Jong.

Nenhum deles é uma estrela do time do nível, por exemplo, de Wesley Sneijder. Campeão de tudo pela Inter de Milão na temporada, Sneijder passaria a encabeçar a lista de favoritos para ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo com uma classificação da Holanda para a final - na Copa, ele já tem quatro gols e briga até pela artilharia.

"Wesley está fazendo um grande torneio. Está bem fisicamente, afiado e treinou 100% desde o primeiro dia, mesmo após a final da Champions League. É um rapaz muito focado", elogiou Van Marwijk.

O técnico de 57 anos pode entrar para a história como o homem que fez, finalmente, a Holanda campeã após as decepções de 74 e 78. Criticado apesar dos impressionantes números, ele conseguiu fazer da seleção laranja uma equipe mais sólida defensivamente e mostra sempre preocupação em não deixar a "arrogância" tomar conta do time, como no passado.

"Na fase de grupos, éramos os favoritos. Contra o Brasil, era o contrário. Não quero ser distraído pelo fato de as pessoas acharem que somos favoritos contra o Uruguai."

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