segunda-feira, maio 03, 2010

A recompensa da ousadia

Técnico Alexandre Gallo surpreendeu ao mandar o Náutico a campo com quatro atacantes, deixando os rubro-negros desprevinidos



Melhores momentos - Náutico 3x2 Sport - Aflitos.

A ousadia teve seus méritos e merece ser destacada. Não dá para dizer que o Náutico teve um destaque em especial no clássico de ontem. O conjunto falou mais alto e fez a diferença. O Timbu teve um participação quase perfeita taticamente. E, aí, todos os méritos são do técnico Alexandre Gallo. Do mesmo jeito que o treinador alvirrubro ousou, e deu certo, contra o Santa Cruz - na segunda partida da semifinal -, ontem, Gallo surpreendeu ao lançar em campo sua equipe com quatro atacantes: Rodrigo Dantas, Geílson, Bruno Meneghel e Carlinhos Bala. Esse último um pouco mais recuado, mas com participação efetiva nas finalizações.


O esquema 4-3-3 pegou os rubro-negros desprevenidos. Mais ainda em cima da burocrática e previsível armação do técnico Givanildo Oliveira do Sport. A ousadia de Alexandre Gallo envolveu o Sport no primeiro tempo e, no intervalo, sua equipe já batia o adversário por 2 x 0. "Em partidas de mata-mata você não pode ficar refém de resultados. Nós tínhamos um propósito de vencer a partida. Precisávamos agredir e foi isso que fizemos. Com uma postura bem ofensiva, jogando em velocidade conseguimos o nosso objetivo que era vencer, mais uma vez, o bom time do Sport. Dentro deste contexto foi muito positivo a iniciativa de entrar com quatro homens de frente", avaliou Gallo.



Rodrigo Dantas ignorou marcação de César e marcou o primeiro gol do Náutico.
Sem querer levar os méritos pela vitória, o treinador alvirrubro achou por bem dar os louros para os seus atletas. "A nossa postura em campo fez a diferença. Além de jogar bem ofensivamente, nós encaixamos a marcação. Estou muito feliz com o nosso rendimento. Mas, é claro, que foi o primeiro passo. Ainda não vencemos nada", enfatizou.


A felicidade de Alexandre Gallo ficou visível na comemoração do terceiro gol de sua equipe, o de Carlinhos Bala. O treinador abandonou a sua área técnica, invadiu o campo e vibrou bastante abraçado com os jogadores. Uma atitude que chamou a atenção e que foi explicado, posteriormente, na entrevista coletiva. "Fiquei muito contente mesmo. É que este está sendo um dos trabalhos mais difíceis da minha carreira. Encontrei um time cabisbaixo e debilitado fisicamente. Fizemos um trabalho duro de recuperação e revertemos o quadro", comentou.



O goleiro Glédson só começou a trabalhar no segundo tempo, quando o Sport se acertou em campo.
Apesar da boa atuação de sua equipe e de toda confusão e surpresa que causou no adversário com o esquema 4-3-3, Gallo reconheceu que também não foram só flores na partida de ontem. O Náutico oscilou, principalmente, depois do primeiro gol rubro-negro. "Tivemos um excesso de erros de passes no segundo tempo. Isso dificultou um pouco. Mas eles tiveram raras jogadas trabalhadas. Os gols aconteceram em bolas paradas. Um foi fatalidade (o desvio na zaga) e o segundo a bola passou por baixo da nossa barreira. Não tira os méritos da luta dos nossos atletas", encerrou.


"A reação do grupo no segundo tempo me alegrou bastante. No primeiro tempo, o Náutico teve seu mérito, pois soube dar valor à posse de bola e dificilmente errava passes. Depois disso, nosso time foi para cima, buscou o resultado e criou boas chances. Nunca vamos ficar satisfeitos com uma derrota, mas, do jeito que foi a partida, o resultado acabou sendo positivo para o Sport".


Givanildo Oliveira - técnico do Sport


"Estou muito feliz com o rendimento do time. Fizemos um jogo muito bom. Os jogadores se desdobraram e tiveram uma atuação, taticamente, excelente. Os dois gols que tomamos foram pura sorte do adversário. Eles acharam aqueles gols. Nós criamos bastante e poderíamos ter feito o quarto, quinto ou sexto gol até os 20 minutos do segundo tempo. O nosso primeiro tempo foi perfeito e, no segundo, não teve relaxamento da equipe. Eles (Sport) tiveram sorte mesmo nos gols que marcaram".


Alexandre Gallo - Técnico do Náutico


A chegada


A confiança estava estampada nos rostos alvirrubros e rubro-negros antes da partida começar. As torcidas chegaram de forma tranquila, porém animadas aos Aflitos. Nas imediações do estádio muita tranquilidade. Com o forte policiamento, foram raros os focos de problemas ao redor da Rosa e Silva. Dentro de campo, a torcida do Náutico deu um verdadeiro show nas arquibancadas. A do Sport, em notória minoria, respondia como era possível. A festa foi bonita.


Felicidades


A explosão do técnico alvirrubro Alexandre Gallo, no terceiro gol marcado por Carlinhos Bala, foi a cara do Náutico e toda a sua torcida até a reação do Sport. Neste momento, alguns torcedores do Leão chegaram até a deixar os Aflitos. Não sabiam que a hora de sorrir deles ainda estava por vir. É certo que os dois gols do Sport foram verdadeiros "achados", mas qual rubro-negro se importava? O sorriso arrancado do rosto de Givanildo Oliveira era o retrato fiel da felicidade do Leão.


Os destaques


Mais uma vez, o técnico Alexandre Gallo conseguiu surpreender na escalação. Colocou quatro atacantes em jogo. Deu o chamado "nó tático" no velho e experiente Givanildo Oliveira. Em campo, a dupla Carlinhos Bala e Bruno Meneghel fez a diferença. Com muita agilidade, passes precisos e boa conclusão, os dois foram responsáveis pelas principais jogadas do time. Pelo Sport, a boa surpresa ficou por conta de Leandrão. O jogador encarnou o espírito de decisão e surpreendeu. Além da defesa milagrosa de Magrão edas ótimas subidas de Dutra, que não perdeu uma para Derley. Em contrapartida, destaques negativos para Eduardo Ramos e Ciro, apagados em campo.


Os desfalques


Pelo lado rubro-negro, os dois principais municiadores do ataque leonino estão fora do último jogo do Estadual: o lateral-esquerdo Dutra recebeu o terceiro amarelo, enquanto o meio-campista Eduardo Ramos foi expulso. No Timbu, os dois laterais (coringas) titulares também estão fora: Zé Carlos levou o vermelho e o volante Derley o terceiro amarelo - despedindo-se, assim, da Rosa e Silva de vez, já que está retornando ao Internacional-RS. Desfalques de peso para ambos os lado. Quem saiu perdendo mais? A resposta só virá na próxima quarta-feira


A saída


Apesar da vantagem conquistada dentro de campo, mais parecia que quem tinha ganho o jogo, após o apito final do juiz, era o Sport. O abatimento estava no rosto de boa parte da torcida alvirrubra. Os dois gols feitos pelo Leão deram um verdadeiro banho de água fria na massa timbu. Em contrapartida, os rubro-negros, mesmo com a derrota, parecem ter sentido que o placar é reversível. E mais: diante do que fez o time em campo, a verdade é que poucos esperavam a reação e muito menos os dois gols. Talvez, por isso, os torcedores do Sport tenham saído rindo à toa, enquanto os alvirrubros desconfiados.

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