segunda-feira, março 22, 2010

Voltando das cinzas

A derrocada coral começou em 2006.

Tudo de ruim parecia acontecer só com um clube no país. Só com o Santa Cruz.

Alegria? Lampejos, no máximo.

Mas o futebol é cíclico. Não há boa fase que dure para sempre nem abismo que nunca acabe. Qual foi o dia mais feliz do Tricolor nos últimos quatro anos?

Provavelmente foi este domingo, 21 de março de 2010.

No Arruda. No Clássico das Emoções.

A palavra clássico, por sinal, já começava a virar uma preocupação extra para os corais, que não ganhavam um jogo deste naipe há 3 anos. Mas acabou o tabu.

A Cobra Coral encheu o Mundão e comandou a festa do domingo.

O time treinado por Dado Cavalcanti venceu um ultra-apático Náutico.

O Santinha mandou no jogo. Compacto e objetivo. Ofensivo!

No primeiro tempo, Édson Miolo, que sempre flerta com as lesões, resolveu aparecer.

Se em 2009, vestindo a camisa vermelha e branca, o lateral-esquerdo fez dois gols na vitória por 3 x 1 neste mesmo clássico, também no Arruda, desta vez o tricolor acertou o travessão e marcou o 1º gol. Todos esses lances foram em cobranças de falta!

Na volta do intervalo… O “jogo do ano”. Primeiro, o gol para levar o povão ao delírio.

De quem? De Brasão, é claro. Em seu primeiro clássico, um golaço.

Repito: GOLAÇO!

Num contra-ataque muito rápido, Brasão mandou por cobertura, sem chance alguma para o goleiro Gustavo, que fez uma estreia regular, apesar dos gols sofridos.

Na comemoração, mostrou pra galera uma foto da filha de 4 anos e uma charge dele mesmo, feita por Samuca, do Diario de Pernambucano. Um ato de puro narcisismo.

Mas que foi válido, naquele momento. Era a vez de Brasão.

O zagueiro Igor ainda descontou de cabeça aos 38 minutos. Voltou aquele velho silêncio ao estádio tricolor. Aquela dúvida de leve…

“De novo, Santa? Vai fuleirar de novo? Faça isso não.”

Os tricolores suaram frio, já calejados. Dois minutos depois, Derley empatou.

Surreal… Quer dizer… É claro que não! O nome não é “Clássico das Emoções” sem motivo. Mas a dor de um povo pra lá de sofrido dessa vez foi curta. Durou 3 minutos.

Havia chegado a hora do Santa Cruz e de Brasão, o #brasaofacts. O ídolo.

Nos minutos finais, já com o gosto pra lá de amargo do empate, o raçudo atacante brigou pela bola, driblou e mandou para as redes. O gol do ano no Arruda. Na comemoração, tomou o segundo amarelo e foi expulso.

Alguém vai lembrar disso? Não. Nem daria tempo.

Nos descontos, outro golaço por cobertura. Brasão? Impossível…

Obra de Jackson, o Mestre Jackson, fechando o chocolate de 4 x 2.

E o Santa Cruz voltou das cinzas… Reacendeu. Virou brasa!

O Tricolor assumiu a vice-liderança e mandou o recado: quer o título estadual.

Nenhum comentário: