quarta-feira, março 10, 2010

Mistério no caso das agressões

Duas fotos publicadas em um blog, o relato da violência num artigo e a palavra do médico Roberto Vieira, escritor conceituado, blogueiro que demonstra afinidade com o futebol. São esses os indícios que comprovam a veracidade do suposto caso de agressão contra dois irmãos na saída do jogo entre Náutico e Ypiranga, na noite do último sábado. Ontem, a reportagem do Diario esteve no município de Toritama - distante 180km do Recife e apontado como local de moradia dos agredidos. Na cidade, o assunto não existe. As pessoas não sabem da história que teria vitimado os irmãos.

As polícias Civil e Militar e os hospitais do Recife, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru também não possuem qualquer registro da agressão. Até o próprio blog - Dalia Net -, que noticiou com exclusividade o corrido, acabou se isentando do fato e apontou duas fontes como base da notícia informando, inclusive, os endereços eletrônicos delas em sua página na internet. Assim, o caso segue como um grande mistério.

Pelas ruas do bairro de Coqueiral, em Toritama (supostamente, onde se localizaria a residência dos meninos), a rotina não foi alterada e os moradores nada sabiam. A rádio Toritama FM chegou a inserir em sua programação pedidos de informação sobre a família dos garotos e seu paradeiro. "Quando acontece alguma coisa na cidade este celular toca em cinco minutos. Um fato desta natureza já estaria na boca do povo. E até o momento ninguém ouviu falar sobre este espancamento", explicou Manassés, locutor da emissora.

No 3º pelotão da Polícia Militar da cidade, o desconhecimento do assunto era completo. Na delegacia da Polícia Civil, a agente de plantão Renata Moraes nada soube informar. "Por aqui não chegou nada. Desde o sábado nossas poucas ocorrências foram perdas de documentos e situações corriqueiras. Não abrimos nenhum Boletim de Ocorrência sobre a suposta agressão sofrida por esses meninos", contou a policial.

Uma das possibilidades para o "sumiço" é que a família pode até ter optado pela reclusão, até mesmo com medo de represálias. Atitude compreensível, mas que só contribuiria - caso seja confirmado - para a impunidade. A hipótese ganha força nos argumentos do médico Roberto Vieira. Ele informa que um amigo seu, advogado, está cuidando do caso e atesta a veracidade do caso, mas mantém as informações em sigilo.

O vice-presidente jurídico do Náutico, Ivan Rocha, estranha o fato dos agredidos não terem aparecido. "Nós não soubemos de mais nada. A polícia também não tem nenhum fato novo", confessou o dirigente. O presidente Timbu, Berillo Júnior, reafirmou que as câmeras de vídeo do circuito interno do Náutico estão à disposição da polícia. "A maioria das câmeras está na parte interna do clube, apesar de algumas captarem imagens das ruas laterais. Mas como o caso aconteceu um pouco longe acho difícil ter alguma imagem sobre o ocorrido".

GPCA - Na Polícia, o clima também é de desconhecimento. A delegada Mariana Vilas Boas, da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), afirmou que delegacias do Grande Recife, de Caruaru e de Toritama já foram contactadas, mas nenhuma delas registrou qualquer tipo de ocorrência. "Oficialmente, não fomos acionados. Não temos nem mesmo o nome dessa vítima de 12 anos. Vou aguardar até amanhã (hoje) para ter uma resposta sobre esse fato, para ver se realmente aconteceu", disse. Nenhuma vítima com esse perfil foi atendida nas principais emergências do Grande Recife (HR, Getúlio Vargas e Otávio de Freitas). Caso a criança tivesse sido socorrida numa unidade particular, a polícia teria sido notificada.

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