sábado, janeiro 30, 2010

Todos com a Nota sem controle

Público // Clubes declaram no borderô todos os ingressos promocionais mesmo sem a presença do torcedor no estádio


O maior público da história do Campeonato Pernambucano. Essa é a nada modesta expectativa da FPF sobre a quantidade de torcedores nas arquibancadas nos 138 jogos do Estadual de 2010.

Longas filas se formam na troca do ingresso do Todos com a Nota.
O total de ingressos seria de 1,3 milhão, superando - e muito - o recorde de 1.002.336 de pessoas, que assistiram as 92 partidas da edição de 1998. Colabora bastante para essa meta a campanha Todos com a Nota, que representa 67,3% dos 225.635 bilhetes deste ano, com uma média de 7.521 pessoas, a 2ª maior desde 1990. Porém, parte dessa média atual está sofrendo um desvio padrão, devido à falta de fiscalização nos estádios no acesso de torcedores portando bilhetes da campanha TCN, que não conta com catracas eletrônicas.


Como o governo do estado paga aos clubes pelos ingressos no momento da troca após a reserva, e não pelo número de pessoas que efetivamente vão aos jogos, o controle nas catracas arcaicas não é necessário para a confecção do borderô. No entanto, a decisão de considerar opúblico absoluto dos bilhetes promocionais vem descaracterizando parte da média de público. No último sábado, o Diario fez um teste no jogo Santa Cruz 2 x 1 Vera Cruz. Segundo os dados divulgados pelo Tricolor (e publicados no site da FPF), o público no Arruda foi de 17.260, sendo 10.000 bilhetes da campanha. O Diario adquiriu um ingresso do TCN, mas não o utilizou. Ainda assim, o dado não foi computado no borderô, mantendo o total exato de 10.000.


O diretor administrativo do Santa, Francisco Claudino, admite a falta de controle no acesso ao setor promocional, mas diz que a margem de erro não chega a 3%. "Não ficamos contando um por um. Na hora que você reserva e troca, a probabilidade é que você vá ao Arruda. São poucos que não vão. No total, entram pelo menos 9.800", disse o dirigente coral. Alheio à polêmica sobre a média de público, o coordenador do TCN, Gustavo Aguiar, deixa claro que não há a necessidade de borderôs idênticos, considerando os formulários que são apresentados à FPF (com o públicopresente de fato) e ao governo (total de ingressos trocados). "Como existe a reserva da campanha por telefone, o clube coloca a disposição os 10.000 ingressos. Pagamos pelo que foi trocado na bilheteria. Se chover e cair uma tempestade ou o torcedor esquecer o ingresso em casa e entrar somente 6 mil pessoas, o clube não pode pagar por isso", diz Gustavo.


"Pode haver divergência entre os borderôs da federação pernambucana e o que é entregue ao governo do estado? Pode. Mas estamos atentos e acompanhando todo o processo do Todos Com a Nota, para evitar que isso aconteça", completou Gustavo. A reportagem também entrou em contato com o vice-presidente de futebol da FPF, José Joaquim, responsável pela tabulação de público do Pernambucano. Joaquim encarou com normal a distorção, ainda que pequena. "No meio de 10 mil torcedores nesse setor, um deles a gente não vai ver. O clube pode fazer borderô completo para o governo, mas não para a federação. A gente vê a diferença", garante Joaquim. Como é possível? Através dosdelegados da partida, numa espécie de "olhômetro" nos estádios. Literalmente.

Nenhum comentário: